Os conselheiros de inovação são uma tendência atual nas empresas de todos os portes.
Vivemos o momento de transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento.
Nestes novos tempos de inovação, startups e nova economia, muitas empresas “tradicionais”, especialmente as de grande porte, estão se movimentando para entender essa nova realidade, e procurando opções e ações para continuarem relevantes, manterem ou aumentarem suas posições de mercado e capturarem valor. Esse movimento tem muito a ver com as organizações “exponenciais” ou empresas da chamada “nova economia”.
Cada vez mais os conselhos de administração das empresas estão demandando ações das suas diretorias executivas que tenham efeitos de inovação, em suas diversas frentes. Mas a falta de conhecimento a respeito da inovação por parte tanto da maioria dos C-LEVELS e dos conselhos, como da maioria das diretorias executivas faz com que nem sempre as ações tomadas com essa finalidade cheguem aos seus objetivos.
Me ocorre aqui que e como já comentei em outros artigos, existe um grande débito técnico e apagão generalizado de liderança para a nova economia. Pra mim está muito claro e nítida a demanda por conselheiros de inovação nas empresas, algo que já vem sendo falado desde 2018, tendência essa que agora tem se acelerado ainda mais. O que também tenho percebido é que não se vê grandes especialistas em inovação populando nem as diretorias executivas, muito menos os conselhos de administração. Todos sabem que algo deve ser feito e é indiscutível que o futuro de qualquer empresa tradicional de grande porte depende dela, mas poucos sabem de fato inovar de uma forma eficaz e que produza resultados reais e palpáveis.
Um conselheiro de inovação têm seus conhecimentos e competências que, somados, devem cobrir todas as necessidades de atuação para a empresa. Ou pelo menos esse deveria ser o objetivo.
Não é raro encontrar conselheiros especialistas em macroeconomia, em relações governamentais ou outras áreas que já foram muito mais relevantes no passado, e portanto já tiveram razão para ter seu membro do conselho. Mas hoje, com a instabilidade da economia global e das transformações aceleradas já perderam muito da sua razão.
Mas e a inovação?
A alta direção das empresas já entendeu que inovar é essencial. Pelo menos algumas empresas no Brasil já estão fazendo movimentos nos últimos anos, mas ainda esbarram nos desafios da Cultura. Porém, o que não se tem ainda são altos executivos e conselheiros que tenham esse conhecimento, as habilidades e as competências dessa nova fase de conselhos. Assim, apesar de saberem que algo precisa ser feito, frequentemente não sabem o que deve ser feito. E assim se vê os gastos por eles mesmos, sem as métricas para a medir dos resultados por meio de indicadores eficientes e eficazes (KPIs), tanto sobre o ROI – Return Of Investiment, como também o ROL – Return Of Learning. É aqui que entra o papel dos conselheiros de inovação, que já são e serão a próxima tendência, a meu ver, nos topos não apenas das grandes, mas também de médias e pequenas empresas, além claro das Startups.
O Papel do Conselheiro de Inovação
O conselheiro de Inovação deverá ser o orientador dos CEOs para assegurar inovação dentro das organizações. Vemos que os executivos enfrentam o desafio de conciliar problemas impostos pela crise econômica com urgência da transformação digital e das pressões globais sobre impactos da sustentabilidade (ESG). Em um artigo publicado pelo CEO da TIM, Pietro Labriola, diz que a pandemia obrigou as companhias a mudarem a forma de trabalhar “da noite para o dia” com a nova situação. E lamenta que o 5G ainda não seja realidade nesse contexto. “Se a tecnologia já estivesse em uso, teríamos soluções de telemedicina ou de ensino a distância, duas das áreas de extrema importância”, e ainda, a transformação digital impulsionada pela crise do coronavírus (covid-19) acabou acelerando planos que, em outro contexto, seriam de longa duração das empresas, segundo a TIM.
O avanço acelerado da tecnologia e o surgimento de modelos de negócios disruptivos colocam a inovação como prioridade em todos os setores econômicos. No Brasil, a urgência da transformação digital também pressiona os executivos, mas a implantação de planos de inovação esbarra nos desafios diários para enfrentar a crise econômica. “O sistema econômico direciona as lideranças para entregar eficiência de custo e redução de dívida. Isso, às vezes, distrai a organização dos seus objetivos de longo prazo”, conforme comentou Daniel Motta, que é CEO da consultoria Blue Management Institute (BMI). Esse conflito entre resolver os problemas de curto prazo com preocupações com a transformação digital aparece nos resultados da pesquisa anual da BMI sobre os desafios das lideranças no Brasil.
As lideranças estão conscientes sobre a importância da transformação e a necessidade de se preparar para implementá-la nas empresas. No estudo do ano passado, realizado com 101 executivos de 87 empresas, promover mudanças nas posturas dos líderes para as constantes mudanças aparece no topo do ranking dos seus principais desafios, citado por 22% dos respondentes. No entanto, adaptar-se à transformação digital e estimular a inovação aparecem apenas no sexto e décimo lugares, respectivamente, citado por 10% e 4% dos entrevistados. Motta fala sobre o papel do conselho no balanceamento das estratégias de curto e longo prazo das empresas e os desafios impostos à diretoria executiva na implantação da transformação digital nas empresas.
E ainda, na pesquisa anual da BMI sobre os principais desafios das empresas no desenvolvimento das lideranças, adaptar-se à transformação digital e estimular a inovação não aparecem no topo das preocupações dos executivos.
Será que a inovação e a transformação digital não são prioridades para os executivos brasileiros?
Defendo em outros artigos e também no livro, que a transformação digital e a inovação são temas atuais, não apenas por questões de sobrevivência mas também como já comentei no início deste artigo “vivemos o momento de transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento – que também pode ser entendida como a Nova Economia Digital”.
Houve e ainda existe sim uma mudança de paradigmas tecnológicos muito grande. A internet e a digitalização das coisas fizeram com que os ciclos de negócios se acelerassem, e ao que tudo indica essa aceleração passará a ser em escala exponencial no futuro breve.
Neste momento, as organizações precisam se desafiar e se transformar. A gestão de mudanças passou a fazer parte da agenda de todas as organizações. Os conselhos de administração entram portanto para ajustar e calibrar a atuação do CEO na priorização dos resultados e das estratégias de curto e longo prazo, porém denovo, essa composição de conselhos demanda por profissionais de INOVAÇÃO.
Em meio a tantas contradições que envolvem o uso da tecnologia e as novas formas de poder, os conselhos empresariais precisam ser repensados. Aprofundar-se sobre governança e inovação tornou-se obrigatório para qualquer organização que quer crescer e prosperar.
Ficam aqui alguns pensamentos sobre os desafios, que vou buscar trazer nos próximos artigos sobre o tema e como as organizações podem vencer esses obstáculos. Nesse cenário, as formas de aprendizagem também precisam mudar.
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