Adquirindo uma Cultura Digital

Para adquirir uma cultura digital é necessário que os resultados mudem a cultura e o mindset dos indivíduos, que se dará entre pessoas e times. Mas não basta só isso, porque pessoas e times podem estar alinhadas entre elas mas, na organização, o que precisa é de alinhamento entre todos, porque isso é a base para fazer algo novo, diferente, e esse alinhamento tem a ver com propósitos, visão e estratégia, onde o trabalho é diferente de resultado, que é diferente de solução, e portanto, em algumas vezes, podemos até ter resultados, mas não são soluções para coisa alguma.

Jonny Schneider, autor do livro “Entendendo o Design Thinking, o Lean e o Agile” (2017), defende que o cruzamento das três mentalidades juntas ajudam entender melhor onde a empresa está, onde ela quer estar no futuro e busca, por meio da exploração, experimentação e aprendizado, chegar no objetivo.

As habilidades de explorar problemas e oportunidades com muitas opções em Design Thinking combinam com o Lean, uma prática do pensamento científico de aprender fazendo.

Design Thinking e Agile são uma colaboração em soluções realistas, no qual o software é o meio, os engenheiros e os designers são os artesãos em meio a esse processo.

Nesse ponto de vista, defendo o entendimento e a combinação de ambas, porém, incluindo o uso do BMC, ou seja, primeiramente é preciso adquirir habilidades para explorar problemas e pensar em possíveis soluções; em segundo lugar, combinar isso com nossa capacidade de aprender enquanto estamos construindo as possíveis soluções no que nos propomos a fazer; e em terceiro, é necessário adquirir habilidade de adaptação à medida em que estamos construindo aquilo que nos propomos a construir.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

As mentalidades Design Thinking, Lean e Agile não são mutuamente exclusivas. Na verdade, há muita sobreposição, o que pode até ficar confuso porque, muitas vezes, preferimos explicações simples e, no mundo confuso em que vivemos, tendemos a misturar mentalidades em formas de trabalho que fazem sentido para o trabalho em questão, embora alguns possam até discordar. Quando combinamos abordagens diferentes de maneira significativa, estamos exercitando nossa capacidade inata como humanos para resolver problemas, portanto, estaria correto usar Lean, Agile e Design Thinking.

A mentalidade Lean impulsiona a experimentação contínua para aprender o caminho para as respostas corretas, ajudando a identificar as ferramentas mais adequadas para construir, bem como melhorar o sistema de trabalho que agrega valor a qualquer tipo de atividade, setor, produto ou serviço.

A mentalidade de Design Thinking é toda sobre a compreensão de restrições, vendo oportunidades e explorando as possibilidades, ou seja, uma missão para encontrar oportunidades e explorar soluções que criam valor para os clientes ou para a organização.

A mentalidade Agile é alcançar resultados com software da melhor maneira. É como as equipes de TI geram valor continuamente, adaptam-se às necessidades em constante mudança e criam qualidade nos softwares que desenvolvem.

É no cruzamento dessas três mentalidades que vemos como tudo pode se encaixar.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Schneider ainda ressalta que é no Lean mindset e o alinhamento de propósito, onde se encontram o principal desafio das organizações. Concordo plenamente, pois cada indivíduo tem sua personalidade, seus valores e seu propósito. Uma vez que eles estejam alinhados com os da organização, tudo tende a fluir melhor, a dedicação, a motivação e aderência aos processos.

Sobre o Design Thinking, concordo com Schneider sobre o ponto de vista de criar uma visão de mundo explorando, problemas e oportunidades, e ideando as possíveis soluções, até porque é a essência do Design Thinking, que surgiu pela primeira vez em 1969, publicada no livro “The Science of the Artificial”, de Herbert A. Simon, e mais especificamente na engenharia, a partir de 1973, com “Experiences in Visual Thinking”, de Robert McKim. Eles reforçam o Design Thinking como um método prático-criativo de solução de problemas ou questões, com vistas a um resultado futuro, uma forma de pensar baseada ou focada em soluções, com um objetivo inicial, em vez de começar com um determinado problema. Já para o autor de “Design Thinking” (2017), Tim Brown, resume-se que Design Thinking é converter necessidade em demanda.

Do ponto de vista do Agile mindset é onde ocorre a entrega de soluções, tendo como característica principal a adaptação a mudanças. Na interface entre entrega de soluções e a organização é agir para aprender e implementar a gestão de portfólio baseado em valor. Do ponto de vista da interface de Design Thinking com Agile mindset e visão com entrega de soluções, ou seja, é um design evolucionário e, do ponto de vista da combinação de Lean mindset e Design Thinking, é determinar cursos e definir estratégias de ação, segundo o próprio Schneider.

Avaliando a metodologia de Schneider em Lean, Agile e Design Thinking, eu acabei modificando e adaptando em um único template, como um guia para facilitar o entendimento complementar, incluindo a entrega de experiência, resiliência e colocando o cliente no centro, para aplicação na prática de um processo de transformação digital de negócio, envolvendo a mudança de mindset do analógico para o digital.

Diferentemente de Schneider, acredito que estratégia seja um pouco mais do que ele defende. A definição de estratégia seria levar a entrega adaptativa do Agile mindset para entrega da experiência dentro da estratégia como um todo e fazer uma intercessão integral de Lean mindset, Design Thinking e Agile mindset, em uma espécie de framework contemplando ambos, e isso vira a estratégia de um negócio que quer se transformar para o digital, tendo o cliente no centro.

Portanto, o Lean e o Design Thinking nos ajudam a entender onde estamos hoje, onde queremos estar amanhã e buscar o sucesso por meio da exploração, experimentação e aprendizado validado. A habilidade de enquadrar problemas e oportunidades em Design Thinking combinam maravilhosamente com o Lean, prática do pensamento científico de aprender fazendo.

Agile e Lean é onde a estratégia atende à execução. Lean dá uma estrutura para testar nossas crenças e refinar estratégias através do aprendizado. Essa abordagem de aprender fazendo funciona somente se todas as partes do sistema forem altamente adaptáveis. O Agile fornece a flexibilidade para responder à mudança, que é um recurso primário para alinhar sempre a entrega de tecnologia ao valor real. Os pontos fortes de cada mentalidade se unem para nos ajudar a alcançar os resultados corretos, que são a melhor experiência ao cliente, estando ele no centro do processo de transformação digital de negócios.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Para concluir, ficam claras as diferentes origens das mentalidades do Design Thinking, Lean e Agile, e passam a nos ajudar a pensar diferentes possibilidades para criar maneiras diferentes de resolver esses desafios.

Design Thinking nos traz uma certa disciplina para ajudar a explorar oportunidades, encontrar possíveis soluções junto ao mercado e aos nossos clientes atuais.

O pensamento Lean traz disciplina ao modo como aprendemos, tomamos decisões e coordenamos nossos esforços em busca de alcançar nossos objetivos.

A metodologia Agile proporciona a disciplina para construirmos soluções tecnológicas que evoluem e se adaptam à medida para respondemos às necessidades da mudança, para entregar sempre a melhor experiência.

BMC nos ajuda a desenhar o fluxo desses processo usando as forças de Porter, como já vimos, permitindo atualizar de maneira fácil o processo durante a jornada, usando ainda métodos para melhorar continuamente nossos esforços, buscando capacitação por meio de cursos e a resiliência para lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.

Importante frisar que não há um único caminho e nem uma única mentalidade certa, mas a confluência dos elementos de cada mentalidade podem servir de bússola para nos ajudar a encontrar um caminho menos lento e melhor a seguir. Quando as pessoas são capacitadas com verdadeira autonomia e alinhadas ao propósito, elas não são apenas mais motivadas, mas também capazes de superar desafios e alcançar resultados em ambientes e situações em constante mudança.

Embora eu tenha incluído métodos e ferramentas práticas, juntamente com alguns modelos para orientar a forma como pensamos e agimos, fazer com que isso funcione na prática dependerá única e exclusivamente de pessoas. Em vez de nos concentrarmos no processo, devemos desafiar a maneira como pensamos, tentar novas maneiras de fazer, adotar as coisas que deram certo ao longo da experiência, e também aprender com o que não deu certo.

Isso será muito diferente e um grande desafio para todos, porém, o sucesso é sobre como desenvolvemos novas habilidades, sobre os aprendizados durante a jornada do fazer e sobre manter a resiliência, que nada mais é do que nos adaptar constantemente ao novo, a esse mundo que agora é vivo, muda tudo o tempo todo a toda hora, onde o novo se torna obsoleto muito rápido, e a melhor maneira de adquirir uma nova habilidade é tentar algo diferente, ver o que acontece e se adaptar à medida que aprendemos.

Isso e muito mais estão em meu livro, Transformação Digital Disruptiva, disponível na Amazon.

Quer ficar por dentro da Transformação Digital, segue lá meu podcast.

Conteúdos Relacionados